Nossas Publicações
Os resultados textuais da nossa pesquisa foram submetidos para publicação e encontram-se em fase de revisão. Compartilhamos aqui os resumos dos textos e logo que forem publicados no primeiro semestre de 2022 publicamos o link e/ou texto completo aqui.
Between solidarity and charity:
mobilizing under the shadow of the pandemic in favelas of Rio de Janeiro and Niterói
Leila de Oliveira Lima Araujo, Thais da Silva Matos, Bronzi Rocha,
Yago Evangelista Tavares de Souza, Timo Bartholl
With the pandemic arriving in Brazil and subsequently in the urban peripheries of the country, multiple forms of mobilization to confront the impacts of the pandemic occurred. We accompanied these processes in some favelas in Rio de Janeiro and Niterói, highlighting a specific form of mobilization - solidarity fronts that were formed among individuals and/or groups that had been organized to a lesser or greater extent before the pandemic and took a specific form of pandemic solidarity from march 2020 onward. These fronts self-organized in their territories and in a short time were able to mobilize resources by activating far reaching and diverse networks of support beyond and through the effort of voluntary work within the favela territories. In a Geographies in movement(s) approach we engaged with action-research as an act of solidarity and our reflections started with first hand experiences in the favelas Morro do Palácio (Niterói) and Maré (Rio de Janeiro), from where we connected to similar experiences in eight different favela territories. In this text we want to reflect on these experiences with a focus on the tensions between verticalities (the dependence on charity donations) and horizontalities (the solidarity action between individuals and groups, intra- and inter-territories) that both played key roles as the front’s work unfolded instituting complex forms of multiple network-territories of charity and pandemic solidarity.
Cartografias da solidariedade pandêmica
Anna La Marca, Bronzi Rocha, Leila de Oliveira Lima Araujo, Marina Amaral, Thais Matos, Timo Bartholl, Paul Schweizer, Yago Evangelista
Com a pandemia chegando ao Brasil e posteriormente, nas periferias urbanas do país, ocorreram múltiplas formas de mobilização de enfrentamento aos seus impactos. Acompanhamos esses processos em algumas favelas do Rio de Janeiro e Niterói, com destaque para uma forma específica de mobilização – as frentes de solidariedade que se formaram entre pessoas e/ou grupos organizados em menor ou maior grau antes da pandemia. Essas frentes auto-organizaram-se em seus territórios e a partir disso conseguiram, em pouco tempo, mobilizar recursos ao se conectar com redes de apoio e doadores. Seu trabalho ganhou dimensões impressionantes, tanto no âmbito da comunicação comunitária, quanto através da ajuda emergencial econômica com a distribuição de cestas de alimentos e quites de higiene pessoal e de sanitização para dezenas de milhares de famílias beneficiadas, nos territórios favelados onde essas frentes se formaram. Numa perspectiva de uma Geografia em movimento(s) e a partir da pesquisa-ação como ato solidário, partimos das vivências concretas nos territórios, e em um dos eixos da nossa pesquisa, focamos na cartografia da solidariedade pandêmica, acompanhando a construção de mapas colaborativos de ações solidárias em diferentes escalas, construídos via plataforma do StoryMap, as frentes de solidariedade em favelas do Rio de Janeiro e Niterói. Nesse artigo partimos de uma discussão crítica de leituras da pandemia e conectamo-nos com o tema dos movimentos sociais na pandemia, numa perspectiva global para em seguida refletir o possível papel da pesquisa junto a esses movimentos, mergulhando no multiverso de outras cartografias e jogando à luz sobre exemplos de mapas da solidariedade pandêmica para, ao final, compartilhar a proposta do StoryMap “Favelas contra a Covid-19”.
Solidariedade ou Caridade: Pistas Para Um Diálogo Com As Frentes Contra A Covid-19, em Territórios Favelados
Leila de Oliveira Lima Araujo, Thais da Silva Matos, Bronzi Rocha,
Yago Evangelista Tavares de Souza, Timo Bartholl
O presente estudo resulta da pesquisa iniciada com a pandemia de Covid-19, em março de 2020, junto às famílias residentes nos territórios favelados, nas cidades de Niterói e Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foram investigadas as ações de distribuição de cestas de alimentos e kits de higiene pessoal e de sanitização. Antes, porém, analisamos os conceitos de solidariedade e caridade para interpretar qual a dinâmica das ações desenvolvidas. Assim, pautamos a caridade como ações de pessoas ou instituições que providenciam algum tipo de apoio aos pobres, no sentido de ter o poder e definir quem deve/pode ou não receber ajuda. Baseada na economia da dádiva, no cenário contemporâneo, a caridade engessa indivíduos e minorias em uma configuração de subalternização. Ela é usada como modo de legitimar as desigualdades e se desenrola em uma ação vertical, distante de lógicas ou relações comunitárias de cunho emancipatório. Seguindo uma outra pauta, a solidariedade é um fator de resistência limitando a extensão da competição econômica em todas as áreas da vida. Ela não divide o mundo entre os que dão e os que recebem, mas estabelece um freio à extensão da lógica mercantil a todas as atividades humanas. A solidariedade desempenha uma ação horizontal com base no trabalho voluntário. Essa complexa articulação entre solidariedade e caridade coloca em jogo as mobilizações nas periferias, numa perspectiva inter- e trans-territorial, levando a dois caminhos reflexivos, para compreender as frentes de solidariedade nas favelas, que se entrecruzam em diversos pontos: o primeiro nos leva à compreensão de que sem apoio de natureza mais vertical (caridade) os sujeitos em movimento (que praticaram solidariedade horizontal) não teriam, de forma alguma, estrutura e recursos para ter ajudado tantas famílias em situação de emergência.